A obra é composta por quatro peças teatrais da década de 1960 que foram originalmente encenadas no Teatro O Tablado. Em “A menina e o Vento”, o enredo gira em torno da menina Maria e de seu encontro, em um lugar chamado Cova do Vento, com o Vento, que Maria Clara Machado caracteriza como “personagem meio mitológico”. Em “Maroquinhas Fru-Fru”, a história gira em torno da personagem título, que ganha um concurso de bolos e a partir daí sofre várias tentativas de roubo de sua receita campeã. Em “Maria Minhoca”, o mote central é uma disputa entre pretendentes pelo amor da personagem título. Por fim, em “A Gata Borralheira”, Maria Clara Machado faz uma releitura do conto clássico Cinderela, adaptando-o ao Brasil e com tom bastante humorístico.

Um ponto em comum entre as peças é a centralidade das mulheres como personagens: a Menina/Maria, Maroquinhas, Maria Minhoca e Dulcineia/Gata Borralheira. Em todas elas, há conflitos e ações que giram em torno dessas mulheres, e é a partir delas que os enredos se desenvolvem. Ou seja, o campo de atuação das mulheres ganha relevo nas peças.

Maria Clara Machado nasceu em 1921, em Belo Horizonte, Minas Gerais. Era filha do escritor Aníbal Monteiro de Machado e de Aracy Varela Jacob, que morreu quando Maria Clara era criança. Morou grande parte de sua vida no Rio de Janeiro, onde conviveu, desde muito cedo, com intelectuais e escritores, amigos de seu pai. Estudou teatro em Paris e, quando retornou ao Brasil, fundou o Teatro Tablado, que é ativo até hoje. Maria Clara atuou no Tablado até o ano 2000, como diretora artística e professora. Destacou-se como escritora de peças teatrais infantis e juvenis, sendo reconhecida como patrona do teatro no Brasil.

Dentre suas obras mais famosas, estão: A bruxinha que era boa; O dragão verde e A coruja Sofia. Recebeu inúmeros prêmios, dentre os quais: Associação de Críticos Teatrais, Festival Nacional de Teatro Infantil, Prêmio Molière, Prêmio Mambembe, Prêmio Machado de Assis Academia Brasileira de Letras (ABL) e Prêmio Livro de Teatro da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ). Faleceu, no Rio de Janeiro, em 2001.