Dividida em três atos, Auto de João da Cruz narra a vida de João, um rapaz de 20 anos que, cansado da vida de pobreza e da seca nordestina, deseja obter todo o poder possível. Para isso, entra em acordo com o Cego, personagem que encarna o Diabo e que espreita João na tentativa de roubar sua alma. Uma vez aceito o acordo, a vida de João muda, conseguindo muito dinheiro, várias mulheres e muito poder em pouco tempo. Contudo, a mãe, o pai, Regina (uma amiga) e dois anjos lutam para salvar a vida do protagonista, levando-o a reconhecer que é na aceitação dos planos divinos que reside o maior tesouro de qualquer homem.

Como texto teatral, a peça apresenta os elementos mais comuns a todos os textos deste gênero em questão. Dividido em atos, a obra também apresenta em seu começo a lista dos personagens, bem como uma descrição dos cenários e apontamentos sobre como eles podem ser montados. Além disso, vemos, no transcorrer da história, as rubricas, ou seja, observações do autor sobre como algumas cenas estão dispostas e também que tipo de reação emocional os personagens apresentam em determinada fala.

Ariano Suassuna é mais conhecido por sua famosa peça Auto da Compadecida, que foi adaptada para a televisão e para o cinema. Mas sua obra e sua atuação profissional vão muito além dessa peça. Ele escreveu 15 livros entre romances e poesias e 18 peças de teatro. Desses, vários foram transformados em séries e filmes. Por essa produção tão representativa, em 1989, Ariano foi eleito para a Academia Brasileira de Letras, e assumiu a cadeira nº 32 no ano seguinte.

Manuel Dantas Suassuna nasceu em Recife, em 1960.Antes de se dedicar à obra do pai (Ariano Suassuna) já maduro artisticamente, Manuel Dantas trilhou seu caminho profissional como pintor, desenhista, gravador, ceramista, diretor de arte e cenógrafo. Além de ter trabalhado em adaptações audiovisuais de Farsa da Boa Preguiça e Romance d'A Pedra do Reino, ambos textos de Ariano Suassuna, ele foi diretor de arte nos curtas-metragens Koster, Azul e Querença, e foi também parceiro do multiartista Antônio Nóbrega na direção de arte dos DVDs Lunático perpétuo e Nove de fevereiro.