Em O cavalinho azul, o menino Vicente embarca numa jornada pelo Brasil em busca de seu cavalinho, que canta, dança e voa. E é todo azul. Nessa viagem, Vicente conhece a menininha amante de circo, os músicos que são meio músicos, meio bandidos, o caubói americano, a Velha Que Viu, o palhaço que acaba desempregado — e todos eles se envolvem, cada um do seu jeito, na procura pelo cavalinho maravilhoso.

Esta edição é ilustrada, com muitas cores, por Marcus Moraes, e revista por Cacá Mourthé, que está à frente do Tablado, criado por Maria Clara Machado e palco de peças infantis que marcaram a história do teatro brasileiro.

Originalmente, O cavalinho azul foi uma história concebida como peça teatral, e as marcas disso também podem ser sentidas ao longo da leitura desta adaptação para o conto, com ênfase nos diálogos e nas descrições detalhadas. Algo marcante na obra é a caracterização minuciosa e rica das personagens, que têm enfatizados atributos corporais e emocionais. Também é perceptível o humor e a irreverência de Maria Clara Machado nas reviravoltas e conflitos da trama.

Maria Clara Machado nasceu em 1921, em Belo Horizonte, Minas Gerais. Era filha do escritor Aníbal Monteiro de Machado e de Aracy Varela Jacob, que morreu quando Maria Clara era criança. Morou grande parte de sua vida no Rio de Janeiro, onde conviveu, desde muito cedo, com intelectuais e escritores, amigos de seu pai. Estudou teatro em Paris e, quando retornou ao Brasil, fundou o Teatro Tablado, que é ativo até hoje. Maria Clara atuou no Tablado até o ano 2000, como diretora artística e professora. Destacou-se como escritora de peças teatrais infantis e juvenis, sendo reconhecida como patrona do teatro no Brasil.

Dentre suas obras mais famosas, estão: A bruxinha que era boa; O dragão verde e A coruja Sofia. Recebeu inúmeros prêmios, dentre os quais: Associação de Críticos Teatrais, Festival Nacional de Teatro Infantil, Prêmio Molière, Prêmio Mambembe, Prêmio Machado de Assis Academia Brasileira de Letras (ABL) e Prêmio Livro de Teatro da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ). Faleceu, no Rio de Janeiro, em 2001.

Marcus Moraes nasceu no Rio de Janeiro/RJ e, desde criança, sentia-se atraído e motivado pelos desenhos. Formou-se em Design. É ex-aluno do Tablado e atua também como diretor e professor de teatro. É interessante ter uma obra de Maria Clara ilustrada por um profissional que se formou na escola de teatro criada por ela. Ele também é responsável pelos cartazes das peças do Tablado. Ilustrou, além de O cavalinho azul, os livros Pluft, o fantasminha e A bruxinha que era boa. Algo curioso é que Marcus usou, como inspiração, figurinos, cenários e montagens do Tablado, das peças que deram origem aos livros. O envolvimento do artista, tanto com o teatro quanto com o design e as ilustrações, mostra uma nova geração de profissionais que perpetua o projeto artístico e cultural desenvolvido por Maria Clara Machado.