Construídas a partir da linguagem pura e fantasiosa dos contos maravilhosos, as histórias de O Príncipe Feliz e outros contos relembram virtudes que não envelhecem e nem saem de moda, como a amizade e a humildade, e mostram os males do egoísmo — talvez a maior preocupação do autor nesses contos.

Escritos originalmente para seus dois filhos, Cyril e Vyvyan, os contos maravilhosos encantam crianças e adultos porque contêm em si diversas experiências de vida. As morais dessas histórias, escritas com tanta habilidade, são fontes de inspiração para gerações e continuam sendo transmitidas como se o tempo não passasse para elas.

O estilo lapidado de Oscar Wilde ganha nesta edição a sensível tradução e adaptação de Paulo Mendes Campos, um amante declarado das parábolas e das formas narrativas simples.

Nos nove contos criados por Oscar Wilde vemos a magia dos contos de fadas unida à perspicácia do autor em identificar as contradições e defeitos da sociedade de aparências da época. Para além da jornada de amadurecimento dos personagens, o leitor é brindado com uma crítica social que aguça seu pensamento crítico.

Oscar Wilde (1854-1900) nasceu em Dublin, na Irlanda, e mais tarde se estabeleceu em Londres, onde desenvolveu sua bem-sucedida carreira literária. Transitou com maestria por diversos gêneros, como a poesia, a novela, o conto, o romance e o teatro, com uma obra marcada pelo humor satírico e pela ácida crítica à sociedade.

Wilde se consagrou como um dos maiores dramaturgos de todos os tempos, mas foi seu único romance, O retrato de Dorian Gray (1891), que se tornou sua obra-prima. Em 1895, foi condenado a dois anos de prisão. Após cumprir a pena, o escritor viveu em Paris, na França, até sua morte, em decorrência de uma meningite.

Paulo Mendes Campos (1922-1991) nasceu em Belo Horizonte e passou a maior parte de sua vida no Rio de Janeiro. Na literatura e fora dela, ficou marcado como um dos Quatro Mineiros. Assim como os companheiros Fernando Sabino, Otto Lara Resende e Hélio Pellegrino, foi jornalista e cronista e, diferentemente deles, deixou uma significativa obra poética. “Traduzir é meu jeito de descansar carregando pedras”, brincava ele ao comentar parte igualmente importante de sua obra, que inclui adaptações de autores como William Shakespeare, John Ruskin e Philip Larkin. Com a liberdade característica dos escritores, também assinou uma série de adaptações de clássicos, como este O Príncipe Feliz e outros contos.