Uma Mulher Vestida de Sol conta a história de uma família em conflito, dividida em dois lados opostos, devido à disputa de terras entre os cunhados Joaquim Maranhão e Antônio Rodrigues. Antônio é casado com a irmã de seu inimigo, Inocência, e reivindica a posse das terras onde Joaquim instalou sua moradia e criação de gado. Antônio deseja recuperar sua propriedade em favor do filho, Francisco, que abandonou as terras e a convivência familiar após desentender-se com o pai. Esperançoso de que o filho volte e a terra seja passada ao seu descendente, Antônio entra em conflito armado com Joaquim, ameaçando a destruição da cerca que separa as respectivas propriedades.

Uma Mulher Vestida de Sol se apresenta como legítimo produto do gênero dramático. O tempo, o espaço e os conflitos vividos pelos personagens se reportam a uma das formas mais consagradas do drama, a saber, a tragédia clássica. O tempo da ação que se estende num período de 24 horas, o espaço cênico concentrado numa mesma localidade e a morte

como simbolismo ritual da queda do herói são alguns dos elementos que replicam preceitos previstos por Aristóteles, na sua Poética, referência básica para o estudo da tragédia. No entanto, a fluidez dos diálogos e a forte religiosidade são fruto da conexão direta desse drama com a cultura popular — que também comparece nas rezas, cantigas e monólogos entremeados nas ações e diálogos dos personagens.

Ariano Suassuna é mais conhecido por sua famosa peça Auto da Compadecida, que foi adaptada para a televisão e para o cinema. Mas sua obra e sua atuação profissional vão muito além dessa peça. Ele escreveu 15 livros entre romances e poesias e 18 peças de teatro. Desses, vários foram transformados em séries e filmes. Por essa produção tão representativa, em 1989, Ariano foi eleito para a Academia Brasileira de Letras, e assumiu a cadeira nº 32 no ano seguinte.

Manuel Dantas Suassuna nasceu em Recife, em 1960.Antes de se dedicar à obra do pai (Ariano Suassuna) já maduro artisticamente, Manuel Dantas trilhou seu caminho profissional como pintor, desenhista, gravador, ceramista, diretor de arte e cenógrafo. Além de ter trabalhado em adaptações audiovisuais de Farsa da Boa Preguiça e Romance d'A Pedra do Reino, ambos textos de Ariano Suassuna, ele foi diretor de arte nos curtas-metragens Koster, Azul e Querença, e foi também parceiro do multiartista Antônio Nóbrega na direção de arte dos DVDs Lunático perpétuo e Nove de fevereiro.